sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

El Correo de Bilbao publica mapa da violência de gênero na Espanha

No Brasil, temos a tradição do discurso único na imprensa. Seja qual for o tema tratado, de más a boas notícias, a linguagem e a estrutura da informação parece unanimidade. Seja na forma ou na ideologia. A bem da verdade, o exercício da atividade jornalística traz consigo determinadas regras, formas e limitações profissionais que nos fazem identificar a informação produzida pelos meios, com os meios e para os meios.. É uma forma de reconstrução da realidade que nos torna parte de um todo independentemente do lugar de onde falamos. Mas há lugares em que essa lógica não funciona bem assim. Há territórios em que os jornais ou periódicos têm lado, assumem isso e falam desse lugar. E nem por isso os valores precípuos da informação jornalística saem no prejuízo. Pelo contrário, a sociedade bem informada - e politicamente situada - independente de sua cor ideológica, clama por essa variedade e lê uns e outros. Um exemplo desses territórios é Espanha. El País, El Mundo, La Vanguadia, El Periódico, El Correo e demais jornais formam um puzzle político da informação e não têm medo de incorporar novas tecnologias em suas redações ou mesclar as vozes das audiências a suas consagradas formas nem de construir sítios com densidade informativa, que, em algum momento, podem até virar um calcanhar de Aquiles próprio e exposto. Esse é o caso do El Correo, diário digital da comunidade autônoma do Pais Vasco (a Espanha tem 18 comunidades autônomas) que dispõe de uma página somente para informar sobre a violência de gênero no País. Ali, a gente pode visualizar o contexto da violência de gênero nas cidades espanholas por um mapa e até identificar sua situação navegando pelos links informativos. Ser um país da América Latina não é desculpa para não dispor de lugares que realmente informem e não atrapalhem a capacidade humana de leitura da realidade com seus pontos de vistas contaminados. A possibilidade de visualizar, relacionar, compartilhar, criticar e fazer movimentos contra a violência de gênero pode surgir da simples curiosidade que acompanha o uso das ferramentas das novas tecnologias. Os meios de comunicação têm obrigação de oferecer essa possibilidade aos seus leitores ou "usuários". Para uns poucos avisados, essa pode ser inclusive uma forma de ir experimentando novos modelos de negócio. Reverberam pesquisas que demonstram a queda livre de empresas que produzem periódicos em função da não inclusão das possibilidades que oferecem os novos na Internet. Em uma linguagem bélica, pode-se dizer que o combate à violência de gênero somente é possível com o uso da informação como arma de prevenção, mobilização e geração de políticas direcionadas. Jornais, portais públicos e blogs profissionais ou pessoais podem, sim, oferecer esse tipo de espaço informativo. A análise dos dados fica com os leitores. Mãos à obra: http://info.elcorreo.com/mapas/violencia-genero/.

Texto: Andrea de Freitas, jornalista e coordenadora da ABNG

ABNG - Agência da Boa Notícia Guajuviras

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